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Ouvir o corpo também é saúde mental

Ouvir o corpo também é saúde mental

Nosso corpo fala o tempo todo — e de muitas maneiras. Às vezes é uma dor ao dormir, um incômodo na postura ou aquela fadiga que não passa. Outras vezes, são marcas mais sutis, ligadas a experiências emocionais que não encontram palavras, mas se expressam pelo corpo. Em todos esses casos, há algo pedindo escuta.

Escutar o corpo não significa seguir padrões ou regras de postura. Muito pelo contrário: trata-se de encontrar a própria medida, respeitando os sinais singulares que cada organismo e cada sujeito apresentam.

A psicanálise nos lembra que o corpo não é apenas biológico: ele é atravessado por afetos, desejos e linguagem. Wilhelm Reich já mostrava como tensões emocionais podem se cristalizar na musculatura, formando “couraças” que aprisionam a vitalidade. A psicossomática, em outra chave, revela como conflitos psíquicos podem se manifestar em doenças físicas. E Pierre Weil popularizou essa ideia em O Corpo Fala, mostrando como gestos e posturas também são modos de expressão.

Mais recentemente, o psiquiatra holandês Bessel van der Kolk, em O Corpo Guarda as Marcas, reforça essa mesma direção ao evidenciar como traumas e experiências emocionais deixam rastros profundos no corpo. Diferentes saberes, em diálogo, convergem para uma ideia fundamental: nosso corpo guarda e comunica aquilo que nem sempre conseguimos dizer.

O convite é simples, mas transformador: experimente parar alguns minutos por dia e se perguntar — “O que meu corpo está me pedindo agora?” Pode ser descanso, movimento, silêncio ou até um copo d’água. Essa escuta, tão singular quanto cada sujeito, pode ser o primeiro passo para mudanças importantes.


Referências para aprofundar:

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